CANTEIRO DE OBRAS:

sexta-feira, julho 22, 2011

SÉRIE: OS SENTIDOS (O SENTIDO) Nº 4


























CANÇÃO DE TUDO (poema nº 4)





Há uma melodia em tudo o que se move.
Uma música browniana,
eu diria,

que há mesmo um timbre subreptício
no fluxo do ser das coisas, ab initio.
Uma música no carreiro das formigas e das galáxias.
Uma música de tudo...


Desde o movimento imenso, o belo Sete-estrêlo ,
até o humilde arroio, em seu áspero leito.


Esse silêncio.


a débil vibração das asas de uma vespa.
e uma oitava acima, o luminoso som da aurora boreal,
Os entretons da voz sonora
das carambolas
que ora penduleiam
entre as galhas
que farfalham

que espalham uma melodia


Os sons.
A impressão dos sons...
esse ranger de dentes
um interno trote,
um galope, o coração..


A voz presa na glote,
o fagote,
a úvula, a uva e o euritmo da chuva.


O cravo temperado
o som das mangas verdes 
em diáfanos vestidos (não vedes?)
Gravetos percutidos pelos pés.
Mil setas que sibilam.
E o pipilar das aves, dentro e fora.


A música do agora 
brilhante e bela música
de uma eterna estação
Ecoa consoante
desde antes,
muito antes,
na música desse instante.











Fonte das imagens:
http://ini.topotesia.net/node/1079


Mangas na safra.






Nota do blogueiro:

(canção a ser musicada ao violão)






Os sons das coisas: (chuva sobre piano)

7 comentários:

  1. Encantam-me esses versos e o som da manga verde!
    Preciso vir mais vezes aqui. Gosto. Gosto muito.
    Beijo,

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  2. EURICO!

    Você hoje arrasou. Também penso assim. Em tudo há som, música. Lamento que o Criador não tenha escolhido Debussi ou outro para colocar nos lugares por onde passamos. A sinfonia dos pássaros ao raiar de um dia tem uma partitura impossível a qualquer maestro acompanhar ou ler. Cor, frutos, flores... em tudo a música BOA predomina.

    Eis aqui sua genialidade!

    Beijos

    Mirze

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  3. essa série d'Os sentidos está fabulosa, os ecos desses sons reverberam na magia dos seres e das coisas, um existir em delicada sinfonia,


    abraço

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  4. ...no carreiro das formigas e das galáxias, ...e do silêncio, ...a vibração da vespa e uma oitava acima, o som da aurora boreal - é de-mais de lindo! Todo o detalhe, citar alguma coisa chega a ser injusto.
    Um olhar especial e o som de um fagote a sustentar uma parte de tudo. Sete-estrelo a brilhar-te a alma, num momento destes, Eurico, eu nunca vou esquecer disso - está gravado n'alma - eu nunca vou esquecer desse teu olhar sobre as coisas! E agradeço imensamente.

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  5. Rejane,
    grato por ter vindo.
    Fiz a mudança nos créditos.
    E as mangas do vestido verde, ganharam uma surreal textura e agora esvoaçam, sonorizando o pomar desse poema.


    Abraço fraterníssimo.
    E grato pelas palavras que devo à frondosa generosidade que está sempre na safra de teu coração.
    E quanta música há nessa frutas!

    Grato, amiga-escrita.

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  6. Os sons das coisas, na chuva sobre piano... ecoa consoante desde antes, muito antes, na música desse instante.
    Nada é capaz de acrescentar alguma coisa a não ser a escuta atenta e o silêncio que se impõe diante da escolha da belíssima trilha.

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  7. Rejan,
    Fiz uma mudança na trilha sonora. Afinal, bom é reconhecer um equívoco, rsrsrs
    e sempre se pode aprender e melhorar algo...rsrsrsrs

    Grato, amiga.

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