CANTEIRO DE OBRAS:

sábado, março 19, 2011

NATUREZA-MORTA COM CAJU (linossignos sobre papel sulfite)


Busco-
me, frágil e
p
ê
n
s
i
l
infrutescência,
a casca mascarada,
o broto ácido,
p
i
n
g
e
n
t
e
e FLÁCIDO;
IN/tensa realidade macerada,
ranço e nódoa,
que se me
e
s
c
o
r
r
e
peloscantosdalma.
Onde estou frondoso?
Em que sítio de mim sou Eu e eterno...?
Maturi-pêndula
in/ventos sazonais,
Oscilo ao Tempo,
invento cajuais.
Des/fruto
aquém,
a
Q
U
E
D
A
além,
o NADA...
ou a sempiterna seiva nacarada?



Eurico
poema datado de 05/02/97


A imagem é a capa do Eu-lírico nº 11/1997
desenho do artista-plástico
Eugenio Paxelly

7 comentários:

  1. Simplesmente espetacular, meu querido Eurico!
    Demais...
    Obra da mais pura arte.
    Encantei-me!
    Forte abraço da
    Zélia

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  2. Embrião, tegumento, tegme - finalmente poesia de cepa em território virtual, ufa - fico feliz!

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  3. A queda, cair na poesia, escorrer por outros modos de vida, os modos que escolhem a ternura, os cajuais, a vida.

    Abração.

    Obrigado pelas palavras lá no essapalavra.

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  4. De ventos adejo ao sumo de nectarada poética à cica de tantos versos,

    abraço

    p.s. o caju mereceu um soneto do poetinha


    Soneto ao caju
    Vinícius de Moraes

    Amo na vida as coisas que têm sumo
    E oferecem matéria onde pegar
    Amo a noite, amo a música, amo o mar
    Amo a mulher, amo o álcool e amo o fumo.

    Por isso amo o caju, em que resumo
    Esse materialismo elementar
    Fruto de cica, fruto de manchar
    Sempre mordaz, constantemente a prumo.

    Amo vê-lo agarrado ao cajueiro
    À beira-mar, a copular com o galho
    A castanha brutal como que tesa:

    O único fruto – não fruta – brasileiro
    Que possui consistência de caralho
    E carrega um culhão na natureza.

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  5. Pênsil
    Pingente

    escorres

    P
    O
    E
    T
    I
    C
    A
    M
    E
    N
    T
    E

    em quedas poesia...

    Um beijo amigo, e bom final de semana.

    Carmen.

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  6. Que impressionante, Eurico. O feto, em forma de um caju, é representado pelas palavras em letras enfileiradas: pênsil, pingente, queda... Realmente, é lindíssimo. Admiro-te cada dia mais! Beijo

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  7. Da poesia,
    um pomar!

    Poema com tronco e com sabores!

    Que bonito, Eurico!

    E isto, então, enche-me a boca:

    "infrutescência"!!

    Adorei. :)

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