CANTEIRO DE OBRAS:

segunda-feira, março 28, 2011

ANDAIMES (ou Babel de Vidro)


equívoco vitruviano



"O mundo poderá ser salvo
se o homem desfizer a distância
que o separa da sua infância."

Cassiano Ricardo



Essa urbe vítrea funda-se em um equívoco deliqüescente
um desvio nos desvãos das mentes
ruas sintáticas,
lineares, sem graça e sem crianças;
carentes dos trapézios líricos
e da possibilidade do vôo..


Permanece  vitrúvio no vítreo,
esse dessonho retilíneo,
em inútil plano desonírico?


Toda construção em cânones é um equívoco,
um anti-Sphairos,
mesmo que côncava,
e ainda que convexa,
Isso que eles chamam nexo
é uma dislexia do oco sem eco.
Quando entenderão os arquitetos
que o unívoco e eterno é um Ser Esférico?






Fachada de vidro

11 comentários:

  1. cidade de vidro, coração de vidro, canção de vidro: envidraçadas, mal-traçadas, mal-tratadas



    abraço

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  2. Belíssimo, Eurico, todo o conjunto!
    Imagem deslumbrante!
    Os versos de Cassiano Ricardo, uma verdadeira oração indispensável.
    Seu poema, maravilhoso!
    Deixou-me bastante emocionada...
    E ainda, como se fosse pouco, este solo, ao fundo...
    Assim , dá gosto iniciar a semana!
    Abraço forte, meu amigo, grande poeta!

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  3. NOSSA! EXCELENTE!

    ...."isso que eles chamam de nexo é uma dislexia do oco sem eco."

    Sensacional!

    Carlos, você usa muito dicionário, sabe vários idiomas, ou o básico latim e grego já preenche.

    Beijos e aplausos!

    Mirze

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  4. Nossa,
    vou ler de novo!
    Díficil!
    Ou eu que ando meio assim, assim!
    Bjs meu querido.

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  5. São tantos equívocos, que equivocados estamos, e sobrevivemos.

    beijo

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  6. "Isso que eles chamam nexo
    é uma dislexia do oco sem eco.
    Quando entenderão os arquitetos
    que o unívoco e eterno é um Ser Esférico?"

    Aplaudo tua circularidade meu amigo, entro aqui para sair sempre melhor e bem acompanhada de teus reflexos poesia.

    Beijos, boa semana.

    Carmen.

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  7. (porque esse ser demiurgo, demiúrgico que considera a si mesmo como o único centro do planeta, distanciou-se de si mesmo, incongruentemente. Trancou do lado de dentro das construções vítreas, a criança que foi um dia!


    Estou cá na terrinha, vizinho, abraço fra/terno!)

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  8. Querida Mirze:
    estou aqui a rir com teu comentário. rsrsrs
    Mal sei o português, menina.
    Essas coisas que escrevo são como os entulhos que voltam à praia da memória, depois de décadas de leituras.
    Eu faço como o pintor materista, vou escolhendo os termos que caibam no tem, e depois os combino numa certa ordem sintática, lógica, sei lá eu.
    E depois disso dou dois passos pra trás e olho. Se estiver com uma aparência de texto eu publico.

    Eu num sei nada de nada, menina.
    Sou um viciado em livros e mais nada rsrsrs

    Abraço fra/terno, Mirze, querida.

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  9. Obrigada, Carlos.

    Me senti tão pequena diante de tanta sabedoria.

    Grata!

    Beijos

    Mirze

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  10. Pois é, Mirze, preocupa não,
    isso é apenas um palavreado, como bem diz a amiga Malu.

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  11. Ah, e fiquei sonhando com os trapézios líricos...

    Entulhos que voltam à praia da memória? Pois sim... Quem me dera esses entulhos na minha praia produzindo arte!
    Beijos,

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