CANTEIRO DE OBRAS:

quarta-feira, abril 15, 2009

O Elefante (uma análise eudemonológica)
























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a Arthur Schopenhauer




Poeta jovem e volúvel:
assemelhava-se
a uma pêndula,
inconstante entre quereres,
a oscilar entre um desejo e outro,
feito menino na feira,
ante o colorido das frutas maduras.
Restou uma, entre as mãos:
a fruta dos (des)caminhos.

Poeta adulto, porém perdido:
assemelhava-se a um geômetra enlouquecido,
tentando fazer da linha reta, a superfície,
a ziguezaguear pela vida.
Produzia, com pontinhos salteados e desconexos,
uma obra inconclusa,
e de um impreciso pontilhismo.

Poeta maduro, todavia indócil:
assemelha-se, enfim,
a um elefante capturado
que, por muitos dias, estrepita horrivelmente
até perceber inútil essa peleja
e, então, subitamente amansado,
ofertar a cerviz ao jugo,
domado para sempre pela Poesia.

Hoje, pesado e grave,
equilibra-se sobre poemas bissextos e baldados.
Está feliz
e faz afago aos circunstantes.

Já sabe que a vida é instável e circense

feito um frágil tamborete, sob a lona...



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8 comentários:

  1. Eurico, sou menino ainda, e quanto mais cresço mais percebo que tenho muito o que crescer. Com alegria, digo que aprendi com meus pais a reconhecer pessoas sábias e ouvi-las. E gostei daqui porque você tem o que dizer e diz.

    Esse poema é especial. A gente se reconhece nele... Eu sou poeta jovem rs.

    Abraçamigo!
    Inté.

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  2. Caros amigos e amigas,
    que comigo
    compartilham dessa
    data mais que especial,
    obrigado! ^^

    Meu sincero
    e singelo
    agradescimento...

    Visto que não
    sei esculpir
    uma estatueta
    nas estrelas
    pra lhes mostrar
    e provar
    a minha admiração,
    mas
    nas entrelinhas
    de cada um dos meus versos
    estão
    sinceros
    e impressos
    os meus sentimentos
    por cada um de vocês
    leitores,
    poetas,
    mais que isso
    caros amigos!

    Abraços á todos!
    Até sempre...

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  3. Está feliz. Ponto.

    Só falta dispensar a tabuleta: poeta.

    Restará a madurez, a doçura, a beleza.

    Um abraço.

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  4. "Já sabe que a vida é instável e circense
    feito um frágil tamborete..."


    E as vezes nós nos tornamos pesados demais. Por nós mesmo, pelo que vamos nos tornando.

    abraços, me fez pensar.

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  5. Paula e Cristina,
    danado é que a gente está se equilibrando sobre ela, a Vida, esse frágil banquinho.

    Éverton,
    tua amizade está me renovando. Sábio o que, menino! Todo errado na vida, em ziguezagues. Agora é que vim descobrir Schopenhauer. Ah, se eu fosse moço rsrsrs

    Paulo Roberto,
    vc me passa uma energia muito boa.
    Parabéns pelo niver do blogue!

    Dauri,
    meu irmão e amigo! A tabuleta que vou botar é a de "garagem". rsrsrs É um ditado que se usa aqui quando o cabra tá velho. kkkkk
    Mas aceito o poeta. Demorei demais a assumir isso. E vindo de um poeta da tua grandeza, muito me honra.

    Abraço fraterno a todos.

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  6. "Interessante, também só encontro livros de poesia no recanto da livraria. E isso a faz superior, sua inutilidade, num mundo em que o utilitário sempre deixa resíduos e destrói".

    Amei este teu pensamento. Muito bom. Obrigado. O útil deixa resíduos. CARAMBA! Depois volto com mais calma.

    Abraço forte.

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  7. Linda imagem!!

    um elefante domado pela poesia,

    esta sou eu.


    bj,

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  8. Faça-se o registro:

    Felizmente existe, existiu e existirá um bando de gentes, ao qual Eurico pertence, num país chamado Brasil - um bando de Zona de Fronteira, aquele do João Bosco:
    - rei eu sei que sou, sempre fui, sempre serei, Oba! de um continente por se descobrir...
    já alguns sinais estão aí sempre a brotar do ar de um território que está por explodir!
    sim, mas é preciso ser sutil pois justo na terra de ninguém sucumbe um velho barril.
    sim, bem em cima do barril, exato na zona de fronteira eu improviso o Brasil.
    e minha cabeça voa assim, acima de todas as montanhas e abismos que há no país!
    mas algo chama a atenção: ninguém jamais canta duas vezes uma mesma canção.

    - sempre muito bom te ler, Eurico! Gracias.

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Grato pelo comentário. Receba o meu abraço fraterno e volte sempre!