CANTEIRO DE OBRAS:

quinta-feira, agosto 21, 2008

Vigília























Espero em vão o poema que não
vem. Deixo as portas encostadas,
cochilo os meus sonhos sobressaltados,
com temores adúlteros, pecados.

Em vão espero às portas da Cidade,
no cais do porto dentro dalma, no corpo.
Em vão espero, só e esvaziado.
Gritam-me os galos, caem-me estrelas.
A madrugada espreguiça-se, esperneia.
Espera em vão, o poeta, e a lua é cheia
sobre a Cidade que dorme, erma e ôca.

Rasga o silêncio um mocho insone. Augúrio?
Alvíssaras? Quem vem lá?
Bocejam sentinelas, uivam cadelas sob
os lençóis. São alvos os lençóis sobre ela.
E em vão espera, o vate; em vão espero
o poema que não vem amanhecer-me...

Eurico
9/11/1993
(durante a leitura de Invenção de Orfeu)

Fonte da img.:

7 comentários:

  1. Gostei muito do seu post, meu amigo empático. Vima qui domingo, para convidá-lo a ir apreciar o meu novo post, mas vc deve ter mudado de postagem e não deve tê-lo visto. Por isso, reitero o convite e peço-lhe encarecidamente que vá, pois há pessoas que querem me expulsar da Blogosfera e do jeito que as coisas andam terei que fechar o meu Blog.
    wwwrenatacordeiro.blogspot.com
    Um abraço,
    Renata

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  2. Sempre que venho aqui tenho a impressão que saí do mundo dos blogs, literatura-bruta, e caí noutro espaço, o da arte, da beleza.

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  3. E se o poema tivesse vindo? E se o poema tivesse te devorado, capturado e parido outras noites insones em que os uivos que se escutam, sejam mais que os dos ventos cúmplices dos sons dos amantes, dos amados, dos enamorados? Mas os ventos de novos e mais poemas como esse que nos esmaga contra o senso comum de nós mesmos?
    Um abraço, 'Eurilícabralino' e um ótimo final de semana.
    ;)

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  4. Que poema rico, amigo empático! Vc tem mesmo o dom. Agora, só lhe peço que dê um pulo no meu Blog, não lhe custa muito, custa? Fiz um post tão caprichado para vcs, meus leitores, mas se vcs não aparecem, o meu trabalho é vão.
    Um abraço,
    Renata
    wwwrenatacordeiro.blogspot.com

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  5. Eurico! Eu preciso dizer: este poema me encantou! Mais do que a desconstrução que os outros causaram! Vc sabe das minhas limitações, né?
    Mas este não! Este falou dentro de mim. Embora eu não acredite que o poema tenha te abandonado algum dia na vida, de mim ele sempre escapa. Não consigo prendê-lo nem sob o mais alvo lençol! rs...
    Amei, queridão!
    Beijoconas

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  6. E o poema que não veio...enfim se teceu, em meio a estrelas, silêncios, uivos, aconteceres, sonhos e desejos.
    Uma belezura só!
    Um beijo, poeta!
    Dora

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  7. Dora, tb aqui está o teu comentário. Não desista de mim, Mestra, não desista.

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