Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

domingo, outubro 20, 2013

VÁRZEATOWN

Oficina de Francisco Brennand
Várzea-Recife-PE


Várzeabeat.
 Várzeacult.
 Várzeatown.
Várzea hippie.
 Várzea nerd.
Várzea geek.
Várzea soundcloud.
Várzea Krishna.
Várzea Cristo.
Várzea atéia.
Várzea à-toa.
Várzea transcendental.
Várzea yuppie.
Várzea rap.
Várzea hip hop.
Várzea reggae.
Várzea trash;
Várzea heavy metal
Várzea choro.
 Várzea samba.
Várzea blues e jazz.
Várzea lírica.
Várzea sub/urbana.
Várzea rural.
Várzea afoxé.
Várzea côco.
Várzea ciranda.
Várzea maracatu rural.
Várzea candomblé.
Várzea gospel.
Várzea umbanda.
Várzea pop.
Várzea engenho.
 Várzea usina. 
Várzea tropical. 
Várzea movie. 
Várzea groovie. 
Várzea underground.
Várzea gente em movimento. 
 Várzea cult/rural.
Várzea volks. 
Várzea umwelt. 
Várzea fusca. 
Várzea popular.
Várzea tudo. 
Várzea totens. 
Várzea total.


Lula Eurico
20/10/2013

sexta-feira, outubro 11, 2013

Pequena Fauna Poética



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Quando eu-menino ouvia
os lobos da ventania
soprando ovelhas nas nuvens.
Meu coração disparava
(me dava um medo esquisito,
seria isso um meu mito?)
e eu me abraçava, eu-menino,
a um vira-latas mofino,
que nem eu era, também,
franzino e desamparado.
E eu lhe dizia ao ouvido:
(não tenha medo, Bandit,
mamãe foi ali, na feira,
papai já vem do trabalho).

*
Quando eu estava inquieto
me acalmavam lebristas
que nadavam em garrafas
translúcidas, ornamentais.
Ornamentais, os meus saltos
de pontes imaginárias,
a mergulhar nesse rio,
heraclitiano rio,
que não parava, e não pára...

*
Por esse tempo ainda
me andava a alma contrita
com as sensações de meu corpo:
um tio meu criava porcos
e eu os via javalis;
Minha avó bordava rendas.
Trago os bilros dentro em mim,
e costuro pelo avesso
isso que ledes aqui.
Meu avô me dava livros:
Lobato, Andersen, Grimm.
Onde os trago?
E eu lá sei!

*
Mas emoções são perigos:
um dia quase me mato,
(se não fosse a borboleta,
a cochilar no casulo,
que me chamou a atenção...)
quase que, pássaro, pulo,
em queda livre e ligeira
do alto da pitombeira.
Mas não sabia voar.
Dançar? Dançar eu sabia,
essa dança ligeirinha
(umbigadas/rock and roll)
dos bodes nas cabritinhas,
bicho-do-mato que sou.

*
Vou lhes contar um segredo
há muito tempo guardado:
as emoções são crianças,
aprendem fácil a brincar
e gestam lendas e mitos
(que lhes sopram anjos bonitos)
de lobos, nuvens, cabritos.
Esses ditos viram escritos
que gente velha e sisuda
vai seu mistério estudar...

Se isso é poesia?
E eu sei lá!
*


Eurico

poema sem data

*A imagem é um esboço em papel de seda
para um óleo sobre tela de autoria
de meu saudoso avô Luiz Eurico de Melo